tag:blogger.com,1999:blog-57708899654205037932024-03-13T10:47:42.302-07:00Pra ficar sentado de longe, olhando. Pra mergulhar.AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-34152853644210828212013-07-04T11:43:00.001-07:002013-07-04T11:43:33.974-07:00Poeirento Hoje li que "distância é estar perto e não conseguir abraçar." Fez sentido. De uns dias para cá estou me dando conta de que talvez alguns erros não tenham mesmo perdão e que, mesmo na esperança de que as coisas poderiam se organizar de algum jeito, sei lá, eu sei que nada nunca volta a ser como foi um dia. E pode ser que nunca volte mais é de jeito nenhum. O lance é se olhar no espelho, meus caros, se é que me lêem. O lance é se olhar no espelho, entende? E eu tenho evitado isso.<br />
<br />
Hoje o céu está fechado, é quinta-feira, começo de segunda década de século... hoje sou eu que vou ficar lamentando no porto o eterno movimento dos barcos... há um lugar ali onde o sol se põe e a gente senta pra ver entre árvores, pássaros e bancos de metal fundido com acento de madeira. É perigoso de voltar só quando escurece, mas o que mais hão de me levar?<br />
<br />
Hoje eu não sou boa companhia. AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-75921173728125300742013-07-01T05:29:00.002-07:002013-07-01T05:29:30.652-07:00Cabeça doida, coração na mão"A porta vai estar <a href="http://www.youtube.com/watch?v=eqR6apoVkGw">sempre</a> aberta, amor..."AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-14789188961155421822013-07-01T04:43:00.001-07:002013-07-01T04:54:07.773-07:00Exílio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ps48RMMyf3M/UdFsMKxE7oI/AAAAAAAAAZE/6I3n_7tEBb4/s1600/ex%C3%ADlip.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-ps48RMMyf3M/UdFsMKxE7oI/AAAAAAAAAZE/6I3n_7tEBb4/s400/ex%C3%ADlip.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
Tive que me forçar a esse exílio por consequência de mim mesmo. Minha culpa, eu sei, esse matadouro que eu mesmo cavei. Ah, mas como pesa em mim e amarga, meu amor. E como espero o dia de poder de novo me desfazer sobre o teu corpo e me desmanchar nos teus lábios e te amar. As noites não são tranquilas, os dias arranham. Tudo incomoda aqui.<br />
<br />
Cheiros me lembram você, lugares nessa cidade, pessoas me perguntam e eu tenho ânsias de te procurar, mas não sei se posso ou se devo. Meu coração apenas pulsa tentando acelerar as batidas do tempo pra ver se uma hora, por acaso, a gente se encontra... mesmo que de longe, mesmo sem que eu tenha a tua simpatia.<br />
<br />
Teu Ari AreiaAriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-61695555312617263912013-06-30T06:53:00.001-07:002013-06-30T06:53:23.371-07:00Um pouco morrido "O remorso está me torturando por ter feito a loucura que fiz." Na voz da Bethânia.<br />
<br />
<span style="background-color: white; font-family: Verdana; font-size: x-small; text-align: justify;">"É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado". Li, acreditando ser de autoria do Fernando Abreu. </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Verdana; font-size: x-small; text-align: justify;"><br /></span>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-66054517924010812422013-05-11T09:03:00.000-07:002013-05-11T09:03:40.241-07:00Poucas pessoas conseguem passar a sensação de segurança ou de presença mesmo, como olhar nos olhos da mãe da gente e segurar na mão dela, na hora de uma injeção.AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-53395376871933468462013-05-11T08:40:00.002-07:002013-05-11T08:40:58.204-07:00Tem um lugar, acolá, na beira da lagoa, onde é bom de ver o sol se pôr.<br />
<br />AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-61270846131813184092013-05-11T08:38:00.001-07:002013-05-11T08:38:48.328-07:00"Não fuja, não. Finja que agora eu era o seu brinquedo"<br />
<br />
<br />AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-51012545923716677712013-01-11T17:41:00.001-08:002013-01-11T17:42:45.432-08:00Por EnquantoÉ preciso registrar momentos em fotografia ou versos<br />
para poder mexer
nesses registros do que somos no presente com distanciamento.<br />
<br />
É
precioso fotografar em versos os momentos<br />
para poder lê-los daqui a um
tempo, depois de já os termos esquecido<br />
e, quem sabe, enfim rir das
melancolias exageradas de outrora.<br />
<br />
É por isso, momentos,
fotografias e versos,<br />
que somos e que inevitavelmente, um dia,
deixaremos de ser.<br />
Que seja! Mas que fiquemos registrados.<br />
<br />
<i>Rua Letícia, 10 de Janeiro de 2013. </i>AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-42490361923728477562012-12-27T18:29:00.001-08:002012-12-27T18:31:05.951-08:00Na beira do marPra lá<br />
Bem pra lá<br />
Muito além desse horizonte azul<br />
Há versos que te fiz, com os meus dedos fiz<br />
Desenhados na beira do mar<br />
- Rabiscados na beira do mar -<br />
Os versos que te fiz, com os meus dedos fiz<br />
Desenhados na beira do marAriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-21080022407833369302012-09-16T05:31:00.001-07:002012-09-16T05:31:13.019-07:00denotativo<span class="palavraComPontos" style="background-color: white; font-family: Verdana, arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; text-align: left;">a.rei.a</span><br style="background-color: white; font-family: Verdana, arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; text-align: left;" /><span class="descricao" style="background-color: white; font-family: Verdana, arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; text-align: left;"><i>sf</i> (<i>lat arena</i>)<b> 1</b> Substância mineral, em grânulos ou em pó, proveniente de erosões rochosas.<b> 2</b> Qualquer pó.<b> 3</b> Praia.<b> 4</b>Arena, liça para lutas, jogos, corridas.<b> 5</b><i> Med</i> Cálculo na bexiga ou nos rins.<b> 6</b> Terreno estéril.<b> 7</b><i> fam</i> Ato ou palavra de pessoa tola.<b> </b></span>
AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-32057534276840708972012-09-16T05:01:00.001-07:002012-09-16T06:37:48.508-07:00Do que realmente pensa sobre mimTento ficar a postos para o que quer que esteja preste a acontecer.<br />
Deixou escrito em algum canto e eu li.AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-6679676242797490522012-06-03T09:03:00.001-07:002012-06-03T09:06:29.284-07:00TALVEZO verso não se aproxima de forma nenhuma.<br />
Talvez, o verso esteja é achando bonito o poeta sozinho sentado ali<br />
E o poeta, talvez, até saiba que o verso está perto,<br />
Mas não se atreve sequer a fitá-lo<br />
Porque aquele verso, talvez, seja para outro poeta<br />
ou para ele mesmo, mas em um outro momento.<br />
O que se justifica,<br />
Talvez,<br />
Simplesmente pelo fato de a natureza dessas relações<br />
Ser diferente da natureza das demais.AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-16624376323086456032012-03-19T14:35:00.001-07:002012-03-19T14:39:47.641-07:00ainda sem nomeTocar-te, como um músico toca<br />
seu clarinete tirando dele<br />
sons, co´a boca<br />
<br />
U´a canção<br />
bonita, só de notas, que fale<br />
das nossas tardes de amor na História<br />
<br />
Vibrar ao ver-me em ti e ao ver-te em mim.<br />
Sentir-me tremendo e suando o corpo.<br />
<br />
Tua boca na minha.<br />
Teu hálito quente<br />
soprando aqui dentro<br />
tirando-me sons.<br />
Fazendo-me amor<br />
com gosto... de flor.AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-52181171771482594582011-04-09T08:30:00.000-07:002011-04-09T08:30:44.294-07:00Professor...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.abril.com.br/imagem/alunos-vestibular-unicamp-436x300.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="220" src="http://www.abril.com.br/imagem/alunos-vestibular-unicamp-436x300.jpg" width="320" /></a> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><b> </b>“<i>Professor</i>”, chamou um garoto. Não era professor, estava apenas fiscalizando a prova, mas não disse isso ao aluno, talvez até porque tenha gostado da solenidade que teve aquele levantar de indicador esquerdo (o menino devia ser canhoto), aquele aguardar por consentimento para falar e aquele pronunciar reverente da palavra <i>professor</i> direcionada a ele. “<i>Pode dizer</i>”. E o menino, que fazia o primeiro ano do ensino médio, apontou em silêncio para a palavra e continuou: <i>“O que é adultério?”</i></div><div></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><i> </i> Ele não diria em hipótese alguma qualquer coisa que influenciasse um possível acerto ou erro nas respostas, nunca havia feito aquilo porque era uma pessoa consciente, sua função ali era apenas impedir a famigerada e milenar tradição estudantil da pesca (ou cola, como queira). Mas abriu a boca e disse: <i>“Traição, infidelidade conjugal, quando um homem ou mulher trai a pessoa com quem mantém um compromisso emocional”</i>. Disse e ficou pensando na besteira que tinha feito. Não deveria ter aberto a boca - só para esbanjar conteúdo, só para mostrar que sabia dispor compreensivelmente a explicação de um termo. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"> Por que motivo deu, ele, a definição daquele verbete? Isso não há quem responda, não mesmo. E o fiscal, certo de que lera a questão antes de falar, sabia que o significado daquela palavra não era definitivo para chegar-se à resposta final, mas mesmo assim não deveria ter dito - não deveria! Não por uma questão de pudor, mesmo em se tratando de uma coisa como o adultério, nada disso. O que pesava sobre aquele falso professor era lembrar que os professores, por mais falsos que sejam, quando perguntados sobre a significação de um verbo ou substantivo, ou seja lá o que, mandam que os alunos procurem no Aurélio ou na Barsa - mandam procurar no Google - mas não respondem de cara. Porque responder a um desses meninos, assim de cara, o significado de um substantivo ou adjetivo, ou seja lá o que, é castrar uma oportunidade de aprendizado duradouro quanto àquilo.</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"> Quando procura no dicionário, o estudante aprende por esforço pessoal, ele constrói o conhecimento, ele apreende por experiência própria. E com aquela ação o fiscal tirava a oportunidade que o menino teria de aprender por experiência própria, talvez pelo próprio erro, o que seria adultério. Era difícil, muito difícil para o fiscal lidar com a revolta interna que surgia lentamente ali nele contra ele mesmo. Mas (ficou pensando) não teria sido isso na verdade um favor? Afinal, estava poupando um adolescente de ter que aprender por experiência própria o que seria adultério! </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"> Algumas pessoas, é verdade, conseguem passar tranquilamente pela coisa, umas dessas saem até melhor do que se esperava, saem melhor até do que estavam antes (no caso delas o adultério foi um benefício que não poderia ter deixado de vir-lhes acontecer), saem vacinadas, até mais bonitas, mais menos chochas. Entretanto há aqueles que tomam de uma vez uma cartela inteira de Diazepan, tomam chumbinho, bebem shampoo ou água sanitária, que se jogam na frente de carros ou de cima de prédios, que cortam os pulsos (ou seja, os que resolvem acabar com TUDO); mas e quando a pessoa resolve acabar com TODOS e entrar armada num cinema atirando na platéia, nos seguranças, nos atores, ou resolve pegar um carro e explodir no meio de uma avenida em horário de pico?! É sério, as pessoas mal-equilibradas podem perder completamente o equilíbrio ai pronto, já éramos. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"> E aquele menino era canhoto! Sabe-se lá se isso não era traumatizante para ele (imagine, durante as séries iniciais, os outros meninos chamando-o por apelidos e rindo daquele jeito nem tão sem jeito que ele tinha pra escrever). Outra coisa, naquela idade não saber o que é adultério é estranho também, ele devia ter um déficit de atenção ou de aprendizado (talvez por conta mesmo das brincadeiras de mau-gosto dos colegas quanto à sua não-destreza, que o desmotivava a estudar, ler, ir à escola) certamente isso influenciava suas notas, boletins, anos e anos de recuperação, talvez até alguma repetência. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"> Aquele menino aprendendo por experiência própria o que é adultério seria um perigo! </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"> “Professor”, chamou uma garota. Não era professor, sabia disso, agora mais do que nunca - nem um falso professor ele poderia ser - estava apenas fiscalizando a prova, mas não disse isso à aluna, porque gostava daquilo, o indicador levantado, a espera pelo consentimento, a reverência no vocativo. “Pode dizer”. A menina apontou em silêncio para a palavra e continuou.</div><div style="text-align: justify;"></div>AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-61696756689451017742010-12-31T12:55:00.000-08:002010-12-31T12:55:33.549-08:00LÁ ´STÁ A BOLA<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_uusrEwCrStI/TEIQD_fGqlI/AAAAAAAAANA/HFvlprzW6k8/s1600/bola-furada1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://2.bp.blogspot.com/_uusrEwCrStI/TEIQD_fGqlI/AAAAAAAAANA/HFvlprzW6k8/s320/bola-furada1.jpg" width="320" /></a></div>Lá vem a bola<br />
No pé do menino<br />
Lá se vai ela<br />
Suspensa no ar.<br />
<br />
"Poxa!", um grito,<br />
"Chutei uma pedra."<br />
A mãe, da sala,<br />
Sequer veio olhar.<br />
<br />
Lá ´stá a bola<br />
Correndo pra rua<br />
E o pequeno<br />
Artilheiro atrás<br />
<br />
Lá vem a bola,<br />
Um carro e o menino<br />
<br />
Um freio em cima,<br />
Mas tarde de mais.AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5770889965420503793.post-59052214711089478692010-12-30T17:23:00.000-08:002010-12-30T17:24:55.465-08:00COMPLICADO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_ASvVIOVJkBg/TR0wZiLz-aI/AAAAAAAAARM/03ADzbOyLmI/s1600/complicado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/_ASvVIOVJkBg/TR0wZiLz-aI/AAAAAAAAARM/03ADzbOyLmI/s320/complicado.jpg" width="279" /></a></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> Era tudo muito simples e muito claro no começo. Eles deveriam fazer apenas um pequeno esforço e seria sempre assim. Pelo menos, foi o que pensaram embora nunca houvessem comentado isso entre si (por sinal, eles não comentavam quase nada entre si). O problema é que essas coisas não se alcançam mediante esforços e, o agravante: não se mantêm com esforço algum. Essas são coisas dessas que acontecem, sabe, naturalmente.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"> Mas eles eram tinhosos e, mesmo vendo que não estavam obtendo êxito na estratégia do ‘esforço’, continuavam por ela caminhando exauridamente. Assim, eles eram obrigados a despender cada vez mais força para maquiar o esforço que estavam fazendo no afã de que as coisas continuassem muito simples e muito claras como no começo – e é claro que tudo seria mais fácil se não houvessem eles feito mais esforço algum desde que perceberam que essas coisas não se sustentam dessa forma. Porque eles perceberam isso, ah, perceberam! </span> </div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"> Mas a vontade casual de que continuasse a simplicidade e a clareza iniciais foi-lhes tomando ar de necessidade vital, e aquilo os foi cegando (de verdade). Talvez, se um deles houvesse comentado com o outro sobre a camada vermelho-sangue opaca que estava se formando sobre as suas retinas, o outro pudesse ter feito alguma coisa a respeito, mas eles não comentavam mesmo quase nada entre si. E, agora, caminhando já em direções opostas, enxergando parcialmente apenas, acharam-se perdidos no meio de um caminho que, antes, pensavam conhecer bem mesmo com os olhos vendados. </span> </div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"> Exaustos, cegos, mas conscientemente sem a companhia de outrora, viram tudo ficar muito complicado e muito escuro. Passaram então a correr, ambos com a mesma finalidade: encontrar o outro. Corriam desesperadamente sem perceber que quanto mais tentavam se aproximar, mais é que se afastavam – como a letra daquela música, mas invertida. E foi menos desespero que falta de atenção o que os fez esquecer o fio que os prendia por uma das pernas um ao outro. Não carecia tanto desperdício de energia para que se achassem, bastava usar o fio, puxar o fio. Mas eles queriam correr, e uma hora o fio ficaria pequeno para a distância que eles tomariam – ou melhor, a distância ficaria grande de mais para o fio, que não era curto, diga-se de passagem – ai viria a queda.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"> Eles corriam com tanta voracidade e anseio íntimo pelo encontro que a força da carreira ocasionou não só a queda como a quebra do fio. E a única coisa que não poderia acontecer entre eles era a quebra do fio que os unia, porque sem o fio eles não eram mais eles, eram apenas um e outro. E quando duas pessoas tornam-se apenas ‘um’ e ‘outro’ elas não conseguem compreender o mundo da mesma forma como se fossem ‘eles’. Mudam-se as conjugações nos tempos tanto no presente, como no futuro e, pasmem, até no passado. Porque não importa como tenha sido o passado entre ‘eles’, se um dia houver a segregação pode até não mudar o que se lê, mas muda o modo como se lê e o gosto que essa leitura tem. É tudo muito simples e muito claro, na verdade, e isso já é complicado o suficiente pela própria natureza.</span></div>AriFilhohttp://www.blogger.com/profile/06211448264126644553noreply@blogger.com0